Professores
da UFPB iniciaram, dia 17, greve por tempo indeterminado decidida em
assembleia. Esta é a última alternativa que encontramos para impor limites ao
desrespeito do governo, no que diz respeito à valorização do trabalho docente.
É
notório que o governo federal tenta desviar a atenção da população para o grave
problema da precarização do nosso trabalho, quando expõe números que
aparentemente soam como conquista. Gritam sobre inauguração de novas
universidades e institutos tecnológicos federais em todo o Brasil, e o
consequente aumento do número de vagas para ingresso de alunos nos cursos de
graduação e de pós-graduação. Porém, não esclarecem que isto ocorre ao custo da
vertiginosa queda da qualidade da oferta deste serviço, da crescente humilhação
dos docentes e da precarização das atividades ensino, pesquisa e extensão.
Hoje, não raro, somos obrigados a lecionar em
turmas superlotadas, enfrentamos uma insana corrida para minimizar os efeitos
de uma histórica perda salarial ao assumirmos atividades que nos esgotam física
e emocionalmente. Afinal, tem sido destacado pelos sucessivos governos,
especialmente a partir da década de 1990, que precisamos demonstrar
produtividade. A precarização das atividades docentes está promovendo de forma
crescente o adoecimento dos trabalhadores nas universidades.
O que queremos com esta greve é exigir o
cumprimento integral do acordo assinado no ano passado que previa, até o fim de
março, a conclusão da reestruturação da carreira docente e o atendimento da
pauta de reivindicações protocolada no Ministério do Planejamento e no
Ministério da Educação, referente à Campanha Salarial 2012.
A carreira docente está desatualizada e a proposta
do governo reitera as deformações históricas. O ANDES-SN propõe uma carreira
com 13 níveis, variação remuneratória de 5% entre níveis, a partir do piso para
regime de trabalho de 20 horas, tendo como referência o salário mínimo do
DIEESE de R$ 2.329,35. Atualmente, o vencimento básico do professor no início
de carreira corresponde a menos de um salário mínimo.
O mesmo governo federal, que se nega a atender a
pauta de reivindicações dos professores com a justificativa do impacto no
orçamento, gastou R$ 708 bilhões com pagamento da dívida externa e interna no
ano de 2011, ao mesmo tempo em que investe apenas 4% em educação. E nós
defendemos 10% do PIB para educação pública e de qualidade!
O Estado brasileiro vem
crescentemente se desobrigando do financiamento da pesquisa, da saúde, da
formação de educadores para todos os níveis de escolarização, num pais que
suplica uma real democratização da educação de qualidade. Nos últimos anos este
Estado tem alardeado a promoção da democratização do ensino superior, mas na verdade
optou pela sua mercantilização, ao garantir verbas públicas para a compra de
vagas em instituições privadas de ensino, em detrimento do ensino
público.
Neste momento admitimos que
nossa greve será tão vitoriosa quanto mais apoio da população pudermos dispor.
Nossas reivindicações extrapolam a questão salarial e se junta à luta dos
trabalhadores e trabalhadoras por condições dignas no exercício da sua
profissão.
João Pessoa, 21 de maio de 2012
COMANDO LOCAL DE GREVE/UFPB
P.S.: Modificação
na segunda linha do texto, na palavra “assembleia”, feita por mim. No texto
original está com o acento agudo “´” no segundo “e”. Pela nova ordem
ortográfica esse acento sumiu.
Que Deus
abençoe a todos :)
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